Editorial16/07/2025

QUEM VAI PAGAR ESSA CONTA?

Minas Gerais está quebrada — ao menos é isso que o governo quer fazer acreditar. Uma narrativa conveniente, repetida à exaustão, para justificar cortes, privatizações, sucateamento dos serviços públicos e a negação de direitos a quem sustenta o Estado com seu trabalho.

Enquanto os servidores amargam salários congelados, perda contínua do poder de compra e serviços públicos em colapso, o governo Zema aprova uma LDO que renuncia a R$ 25,2 bilhões em impostos — quase 20% da receita prevista para 2026. Em plena crise, o Estado abre mão de receita como se estivesse em bonança.

A política fiscal em Minas tem lado. E ele, não é o da maioria. Grandes grupos econômicos seguem recebendo isenções, anistias e favores, enquanto escolas fecham, hospitais operam no limite e prédios públicos são vendidos como sobras de um leilão apressado.

Do lado de cá, os Auditores Fiscais da Receita Estadual seguem firmes. São eles que garantem a arrecadação, combatem a sonegação e sustentam o funcionamento do Estado com técnica e compromisso. Mesmo assim, enfrentam desvalorização institucional, assédio moral, cortes na política remuneratória e a perda progressiva de condições dignas de trabalho.

Multas deixam de ser cobradas por força de perdões generosos. O fisco é ignorado, enfraquecido — enquanto a conta explode para quem menos pode pagar. O governo se recusa a dialogar com quem carrega o orçamento mineiro nas costas: os trabalhadores e seus representantes.

A quem serve esse modelo? Não ao cidadão comum, que paga muito e recebe pouco — quando recebe. Enquanto o governo fecha os olhos para os desmandos e inconsequências, sobra missão para quem fiscaliza e falta coragem para quem deveria governar com justiça.

O Sindifisco-MG continuará denunciando o desmonte. Minas não precisa de propaganda. Precisa de compromisso com a verdade, com a justiça fiscal e com quem faz o Estado acontecer. Abrir mão da arrecadação enquanto se fecha a porta do diálogo é mais do que irresponsabilidade: é traição ao interesse público.

Newton Flávio de Oliveira
Diretor de Relações Sindicais e Formação – Sindifisco-MG